2008-11-28

" O LEGIONÁRIO "

É bacana ouvir as canções da Legião Urbana tocar na kiss fm, 102.1 de São Paulo. Pra quem não sabe a rádio toca o melhor do rock n' roll e grandes clássicos já consagrados.Soldados que é a canção que está tocando agora é sem dúvida um dos grandes clássicos desta banda formada em Brasília.Outro dia ouvi também “Andréia Doria” que de repente nem é tão conhecida assim. o disco “dois “que traz esta canção que eu citei foi um marco pra banda que na época vendeu mais de 800 mil cópias.O fato é que desde a época do colégio em meados do ano de 1995 já havia restrições em relação ao som da banda.Creio que grande parte das canções que tocou na rádio eram e, é até hoje as mais comerciais das quais eu destacaria Eduardo e Mônica,Faroeste Caboclo,meninos e meninas,como é que se diz eu te amo e, claro as músicas de trabalho.Sem dúvida o grande público não conheceu as grandes canções da banda ou, como eu costumo dizer o verdadeiro rock n' and roll produzido pela Legião durante sua trajetória.Eu citaria o disco “Tempestade” e “Uma outra estação” que foi lançado após a morte do Renato como os melhores discos da banda quanto à questão dos arranjos e as melodias....Claro que muita gente vai dizer que são discos melancólicos e que tem um peso extremamente fúnebre e com um tom de despedida..O que de fato é!.Na verdade o Renato era um cara muito melancólico.Certa vez eu vi o Poeta mario Quintana (que, alías o Renato gostava bastante pela juventude sendo o Mario na ocasião um senhor 80 e poucos anos)dizer “A gente só gosta de quem se parece com a gente”. Nesse sentido eu assumo o meu melancolismo sem nenhum pudor.Porque de certa forma tem a ver com a nostalgia de uma época boa em que rebeldia estava relacionada a questão intelectual e não sair por aí quebrando tudo por motivos banais. Voltando a questão dos dois discos a qualidade sonora(não referente a questão de estúdio,até porque a banda tinha uma grande gravadora, a EMI odeon) me agrada bastante.Natália e música de trabalho que são canções do disco tempestade vão de encontro às observações que faço.Ouçam no volume máximo essas duas canções dando ênfase aos arranjos principalmente das guitarras e,claro a voz do renato.Depois vocês dizem se concordam ou não.Pena essas músicas não terem tocado nas rádios.Música de trabalho por exemplo é super atual e creio que sempre será devido ao grande número de desempregados em todo o mundo.Muitas vezes fiquei sem almoçar pra comprar revistas que traziam alguma informação sobre a banda ou entrevista do Renato.Comprei camisetas da banda pra dar de presente pras meninas que gostavam da Legião. Eu usava frequentemente camisas da banda.Fui chamado uma vez no colégio de “legião Mania” por uma garota. O que parece uma coisa de fã clube na verdade está relacionado a minha vontade de sempre buscar informações que pudessem acrescentar coisas boas e conhecimento, já que sempre fui um bom leitor.Esse lado intelectual do Renato sempre me atraiu. Em outra ocasião um cara que também curtia rock disse ironicamente ao me ver com a camiseta da banda - Você não disse que gostava de rock? - Naquele dia eu me chateei pra caramba por que rock para mim é atitude é ideologia, requisitos que eu não via na maioria das pessoas que diziam gostar de rock na época. Confesso que pouca coisa mudou de lá pra cá.Ou seja, aquela velha e boa frase clichê. “Mudaram as estações,nada mudou..”Rebeldia não é sair por aí quebrando tudo e batendo com a cabeça na parede.Isso é outra coisa. Não tem nada a ver.Ta rolando “Teorema” com o ira neste instante na Kiss.Cara na boa é bacana tomar todas e ficar doidão e sair chutando todo mundo.Mas a questão é que as pessoas confundem Anarquia com vandalismo.São coisas diferentes.Nosso país precisa de mais educação.Se as pessoas lessem mais, tivessem mais acesso a arte ,a cultura certamente as coisas seriam diferente.Quando se fala em rock primeiro vem a questão da mensagem, da ideologia, do protesto,Porque não! Ouvi uma vez a Fernanda torres dizendo que o artista tem que ser como um fogão .Precisa saber a hora de esquentar e a hora de abaixar o fogo.O Renato tinha essas explosões de comportamento entre amor e ódio com seu público.Brasília é um bom exemplo disso.

CONTINUA SEMANA QUE VEM...

2008-11-19

Entrevista - Sabrina Sanm - Novembro/2008.


Selmer - Pruma banda dar certo tem que ter um bom vocal e, claro, ter uma pegada nas letras que dialogue legal com o público.No seu caso de onde vem essa voz toda e a inspiração pra compor as letras ?

Sabrina Sanm - Eu nasci achando que todo mundo cantava assim.Aí no colégio uma professora me ouviu cantando e me obrigou a entrar num coral. Eu não estudei assim canto...Mas eu tinha 13 anos e estava meio perdida em referência.Então um amigo disse: “Você tem que ouvir Aretha Frankin, Etta James porque cara, elas cantam um absurdo e você pode chegar lá”. Então eu bebi dessa fonte por muito tempo.Fiquei ouvindo muito black music.Eu adoro cantar black music!Mas o meu som mesmo de verdade desde que eu era pequena sempre foi o rock.Então eu fiquei meio perdida porque eu gostava de black, mas compunha rock. ( E na verdade quando você sai pra pesquisar acaba surgindo muitas outras referências nessa questão da sonoridade..) Depois eu consegui conciliar o black com o rock e o lance da potência vocal eu fui aprendendo aos poucos. (E tem nessa sonoridade o backing vocal que acaba soando legal também) Eu faço a produção vocal junto com o Renato que também é o guitarrista e produtor.A gente fica lá matutando pra não fazer aquele backing vocal politicamente correto.A gente tem umas idéias meio doidas que acho que funciona.



Selmer - Ouvindo o som de vocês dá pra perceber uma forte influência do heave metal...como é isso..
Sabrina Sanm - Pois é...A gente foge disso.A gente tenta não ter.Eu ouvi muito metálica, o Renato também. E aí acaba tendo em alguns momentos ( e também algumas coisa mais sombrias) É que assim ... Eu me inspiro muito na fraqueza humana pra compor. rsrsrs.Que não é uma coisa muito feliz! Mas eu gosto muito desse tema assim dessa forma.


selmer - Estamos num momento em que as bandas tão compondo muitas canções que falam de amor e relacionamentos.Não ta faltando aquela pegada mais crítica com uma temática mais centrada nas questões do cotidiano?
Sabrina Sanm - Eu componho as letras com o Renato. Então tem o lance do relacionamento entre nós.Mas na verdade pode ser qualquer relacionamento.Porque é abordado de uma maneira meio abrangente e de uma forma muito clara. ( que pode soar de uma forma universal) Eu acho engraçado porque tem gente que comenta sobre a música “dessa vez” que é uma música que diz deixa eu provar que eu mudei. - Pra quem você fez essa música? – Pra mim! - Mas como assim, o que é que você fez?” - Eu fiz mal pra mim.Eu quis provar pra mim mesma que eu poderia melhorar.E tem gente que fica pensando: “ Será que ela fez alguma coisa com o namorado, irmão, pai...”( é sempre interpretativo) É! tem milhões de interpretações.
Selmer - Como você vê o circuito joseense nessa questão das bandas, sendo uma banda lá do rio de janeiro?
Sabrina Sanm - Cara eu pelo menos tenho inveja (Não no sentido pejorativo) desse circuito, dessa galera unida que freqüenta um lugar próprio pro rock. Que tem uma galera que se ajuda.Esse projeto do Beto.Tudo isso que tem aqui não tem no rio. A galera é muito desunida lá. Assim... Existem algumas bandas por amizade.Nem muito por gosto do som. Mas é difícil. Eu tenho muitos amigos que tem banda.Os sons são bem diferentes entendeu!Não dá pra formar uma cena musical com os meus amigos por conta disso.E o pessoal do rock se da mal porque os lugares pra tocar são ruins.A qualidade é ruim.Aí acaba apresentando um som que fica mais ou menos. ( A banda Canastra esteve por aqui e também falou dessa coisa que tem no rio do pré-conceito...) É! Eu vejo assim...Eu falo que sou cantora e a primeira coisa que as pessoas perguntam é “que tipo de som que você canta?” Eu falo, rock. Então elas fazem uma cara, tipo “ferro, Não vou no show”. Então rola uma coisa meio famillia ..Tipo, o tio vai, mas aí diz “meu deus mais é muito barulho”.A galera que acompanha o meu trabalho e de um amigo meu chamado Dj vack.Eles se unem...Aí é tirar leite de pedra, sabe! Eles alugam vã por conta.Não tem ninguém ajudando.Os contratantes lá no rio não tão ajudando a galera que gosta de rock.

Selmer - No final das contas as bandas querem sair do anonimato, ter uma gravadora e tocar nas rádios.Não é de certa forma um paradoxo pruma banda alternativa que produz um som não tão comercial?
Sabrina Sanm - Eu sempre procuro moderar o som pra que seja de uma maneira que as pessoas entendam.Que tenha essa linguagem universal que você falou.Que seja um pouco atemporal.Que tenha um refrão “pa” mais Pop que a galera lembre.Eu sempre procuro isso.Isso está em mim.Eu ouvi muita música pop a minha vida inteira.Então não é tão difícil.A gente faz as músicas, mas coloca no cd as que a gente acredita que vai tocar e as pessoas iram lembrar.O meu objetivo não é fechar com uma grande gravadora.Porque hoje em dia as gravadoras não fazem muita coisa.Acho que assim ... Se eu conseguir seguir o meu caminho e, eu to seguindo passo a passo,com a ajuda dos amigos,com alguns investidores que possam aparecer,eu to feliz.Eu não tenho essa coisa de ser “mega star” Não ! Porque eu acredito no som na verdade dele!No momento que eu estiver fazendo um som só pra bater o cartão como funcionária da gravadora vai ser horrível... Eu vejo isso acontecendo!

Selmer - Pra terminar, o que vem por aí de novidade no novo trabalho da banda...
Sabrina Sanm -Ta legal..O próximo cd é como se fosse um livro.Cada música conta uma história .Então tem vários personagens que fazem parte desse mundo.Bons e ruins.E eu to nesse universo também.Então assim...Sou eu me expressando em relação as histórias.Então acho que consegui fazer músicas mais maduras porque eu cresci e evolui.Eu também consegui fugir dessa coisa muito popizinha que tem no 1° cd. Eu era muito novinha. Tinha 20 anos.Esse cd eu vou te dizer “eu to muito feliz com ele” ta quase pronto e quem gosta do trabalho vai curtir mais ainda.Eu procurei trabalhar nas melodias pra poder soltar mais a voz.Então... Acho que vai ficar legal.

2008-11-01

ENTREVISTA: " BANDA iLÍCITA " Julho/08



selmer - Vamos lá...Participação da ilícita no concurso do Por Essas Bandas.Vocês chegaram na final de uma parada que teve um número muito expressivo de bandas participantes. Eu queria que vocês falassem da experiência que foi pra banda.


Nany – Nós achamos que foi uma competição muito interessante. Quando a gente entrou no concurso eu estava grávida de quatro meses. Eu nem tinha barriga direito. E a gente foi passando...passando as fases do concurso que durou aproximadamente seis meses. E aí eu acho assim. Não querendo ser metida! Mas a situação da gravidez chamou muito a atenção durante o concurso. Então um dia o betão me ligou perguntando quando eu ia ter o bebê porque nós estávamos na final. E havia uma preocupação enorme da parte dele . Ele me ligou varias vezes durante o concurso pra saber se eu estava bem. Eu sempre respondia que sim. E fui até o final,entendeu! Tanto é que dois dias antes do parto a gente estava na rádio divulgando a final. A galera das bandas fez homenagem pra mim e pro meu Bebê .A rádio também. Isso foi fantástico! E na verdade o fato da banda ter chegado na final já é um grande mérito. Niltinho –É legal, porque antes da gente decidir entrar no concurso, nós tínhamos a pretensão de dar uma parada. Mas por ser um lance que não era no final de semana e teríamos que tocar apenas duas músicas, decidimos entrar meio que no oba, oba...E ver o que ia dar. Então tomamos um susto porque nós não estávamos esperando.


selmer - Ficou alguma frustração em relação ao fato de vocês não estarem entre as primeiras colocadas? Porque evidentemente quando se entra num concurso a banda quer ganhar,claro!


Nany – Durante a semana ficamos meio baquiados sim. Mas quando olhamos pra trás e tudo que a gente fez,tudo que escreveram sobre a banda. Foi muito legal cara. Porque a gente se destacou muito mais entre as bandas por causa das nossas atitudes do que a banda vencedora.


selmer - Fãs ... Na final do Por Essas Bandas, na empolgação de torcer pra vocês,tinha gente gritando e cantando alto de maneira desafinada. Isso ao invés de ajudar atrapalhou a banda porque em vários momentos eu observei a Nany colocando a mão sobre o ouvido pra tentar buscar a afinação das músicas...


Nany – A gente não sabe o que aconteceu na final em relação à questão do som. Durante o concurso inteiro o som tava perfeito, perfeito mesmo! Não tinha o que reclamar. Agora na final, talvez por ter muitas bandas e, cada uma com estilo diferente. Bandas de Reggae, Mpb, Have metal...E a gente era a única banda que não usava muita distorção. Que tinha um vocal bem baixinho e suave. Nós fomos um pouco prejudicados por isso também, entendeu! No cover do the cranberries por exemplo, vocês deram uma vacilada! É, damos uma vacilada sim! Não que eu queira dar uma desculpa pras pessoas, até porque saiu uma nota no Vale Paraibano sobre a final do concurso falando muito mal da gente. Mas quando chegamos na final eu não estava mais grávida. E o que aconteceu foi que todo mundo tava bebendo. Eu estava há nove meses sem beber. Então eu comecei a beber e perdi o controle de mim mesma. Subi no palco, fiz uma baixaria horrível. Arranquei sapato, blusa. Fiquei completamente louca. Eu não conseguia ouvir nada. O som tava ruim. Aí misturou com toda a cachaça ( risos...) e saiu o que saiu. Porque ficou aquela coisa. -A banda ilícita foi péssima na final. Será que durante o concurso também foi assim? - Não!A gente foi excelente em todos as fases, tanto é que chegamos na final. Fomos à banda oficial de várias noites .Mas na final a gente se perdeu porque eu não tava ouvindo nada naquela euforia. Pra falar a verdade eu estava completamente bêbada! Mas eu já cantei bêbada muitas vezes. Agora, na final o som tava ruim mesmo porque nós fomos à décima banda a tocar. Quando tudo estava regulado pras bandas pesadas,vocal masculino,vocal mais forte de Mpb. Então quando chegou a nossa vez tava tudo diferente. E a gente se perdeu cara, infelizmente.


selmer - Quem são as pessoas que cuidam do marketing empresarial, visual e as questões mais burocráticas da banda vamos dizer assim?


Nany- Uma banda não depende só dos integrantes da banda. Até porque a gente tem que cuidar do som, das composições, shows, parte técnica e tal. Cada um tem uma função dentro da banda. E aí temos o Cacá Deluxe que é o nosso produtor e trabalha com moda também. O Daniel Porto faz o marketing e a publicidade.A Bruna é a nossa promoter e cuida dos dois fãs clube no orkut.A Denise Alba é a fotografa oficial da banda e responde por todo trabalho artístico relacionado. E o Du Zakai que é o nosso produtor. Ele tem acompanhado todos os passos da banda. Observando, analisando e Pesquisando o que é bom e o que é ruim pra banda.E tem também o pessoal do Hocus Pocus que estão sendo muito legais e nos apoiando em muitas coisas.


selmer - Eu estava conversando com o betão e, ele falou uma coisa muito legal referente às bandas. “ Tem banda que só quer ficar na garagem, enquanto outras querem produzir artisticamente de forma profissional.” A banda está bem centrada nesse sentido.


loo – A gente ta produzindo um trabalho e,tem até uma música que acabou vazando aí e, ta tocando nas rádios. A gente está tocando pra gravação do cd que vai ser finalizado agora em agosto. Todas as músicas já estão prontas. Algumas novas que a gente vai tocar hoje no show. E está indo tudo bem, graças a Deus. A gente está correndo porque uma parte será gravado em São Paulo. E tem a questão da logística também. Vai ser legal. No final das contas a gente vai gostar de ouvir.


selmer - Até porque vocês têm um público legal que acompanha os shows. Mas... fica sempre aquela parada do single “Boa Noite Cinderela” com duas músicas apenas e algumas ao vivo. Rola uma pressão?


Nany – Ta sendo uma polêmica porque faz dois anos que tem essa formação da ilícita e, até então, só temos duas canções e algumas ao vivo.É meio cruel porque é muita pressão. A partir do momento em que as pessoas de fora, a mídia e produtores começam a conhecer o trabalho, eles dão um prazo pra banda estar na mtv e tal. E começam a exigir isso e aquilo. E a gente começa a ficar louco! Mas cara, até novembro a gente tem muita coisa pra lançar que nesse momento não podemos divulgar.


selmer - Uma das coisas que se fala bastante e, está relacionado à questão da base que envolve ritmo e precisão na hora de tocar. E na verdade acaba sendo uma espécie de coração da banda. Pra música funcionar bem esse conjunto baixo e bateria tem que andar junto. No caso de vocês, Gaio e Déia, como é essa parceria.


Gaio – É complicado! Eu já toquei com vários bateristas. Cada um tem o seu estilo, a sua identidade. No caso da Déia que está com a gente há um ano, estamos começando a criar uma identidade. E está dando certo. Ta um encaixando no outro. ( risos geral ...) No bom sentido, claro! Nany – Tinha que ser o Gaio!


selmer - A pergunta anterior tem a ver com a final do (P E B). Vocês tiveram dificuldades de se acertar principalmente no cover. Quando isso acontece à banda toda sofre.


Déia – A gente mal ensaiou. Eu estava há pouco tempo junto com a banda. Na verdade o concurso pra mim foi muito difícil. Eu não sabia como eles tocavam. Eles também não. E aí chega na hora você não tem retorno,então a situação piora. A questão é assim...Quando eu entrei na banda eu nunca tinha tocado esse estilo de “Brit rock”. E agora tocando com eles eu passei a conhecer melhor. Pra mim é uma coisa nova .Então se tornou mais difícil ainda porque não é o som que eu estava acostumada a tocar. Quando você ta acostumado a tocar junto não precisa ter a voz pra seguir. Mas agora ta indo. Gaio - Agora estamos mais seguros.É quase que um casamento..Nany – Não é 100% seguro né. Porque a gente ainda é iniciante. Não temos todo o tempo do mundo pra se dedicar à música. Infelizmente a gente não pode fazer isso ainda. Eu estava conversando com o Gaio ontem sobre uma matéria que eu li na Rolling Stones que falava da Sandy. Ela estava fazendo um trabalho de jazz e ensaiava até 20 horas por dia. Para nós seria prazeroso fazer isso. Mas infelizmente só podemos ensaiar umas quatro horas por semana e olha lá...


selmer - Déia,os caras pagam pau vendo você tocar batera pelo fato de você ser mulher.


É. Ter uma batera na banda sempre chama a atenção. Normalmente quando eu falo que toco numa banda .A pessoa fala "Ah! você canta, você toca guitarra "Certa vez me indicaram um lugar pra tocar bateria. Eu cheguei lá e perguntei: “Vocês tão precisando de batera?” O cara perguntou - Por quê? O seu irmão toca­ ­- (risos...) Não! - O seu namorado toca! - Não, eu mesma – Ah, ta! - Mas hoje em dia tem bastante batera mulher tocando. Mas chama a atenção! Tem muito mais homens baqueta do que mulheres palheta...


selmer - Vocês buscam um estilo de som mais elaborado,sem muita distorção,mais melódico e com muitas influências das bandas britânicas. Tanto é que vocês usam guitarras solo e base pra criar essa atmosfera nas canções.


Niltinho – Nós temos influências do som britânico. Então quando a gente entra numa banda a gente quer tocar um som que a gente gosta. Nesse sentido foi natural e fica mais legal do que tentar tirar um som que não tem a ver com o estilo da banda.


Loo – Na minha vida musical a melhor coisa que aconteceu foi o Niltinho. Quando eu penso, ele já está fazendo. Ele tem uma visão do “the edge” do u2, sabe. Uma coisa fantástica. Hoje a gente ta meio puto porque não deu tempo de passar o som. Mas , nesse sentido eu particularmente to muito satisfeito. Pelo menos nessa questão das guitarras que você perguntou. Parece que uma coisa completa a outra, né Niltinho.
Niltinho- A gente se preocupa tanto com isso, mas a gente não se esforça pra isso. Loo – Ele ta escutando muito oasis.


Nany – Outra coisa que eu queria deixar bem claro pras pessoas que tão curtindo a gente pra caralho. E isso é uma coisa fenomenal porque até então temos duas músicas só. E assim, somos muito tranqüilo. Nossa vida pessoal é muito relax. Isso influência na hora de tocar,na hora de compor uma canção e pra conversar,entendeu! A gente não fica se importando com a modinha musical. Cada hora aparece um estilo. E nessa leva aparecem mil bandas que estavam escondidas. E de repente somem. E surge outro estilo. A gente é bem diferente do que ta na moda. Do que já esteve na moda no Brasil quanto à questão musical.


selmer - O que parece um objetivo da banda também pode soar meio pretensioso, não?


Deia – Depende ...A questão não é fazer um som diferente. E sim fazer um som que a gente gosta. Por coincidência o Brit rock não é muito comum no Brasil. São poucas as bandas que tão tocando esse estilo. Essas bandas não aparecem na malhação ou mesmo fazendo play-back no faustão. O objetivo é atingir um público que gosta desse som.LOO – A déia falou tudo. A gente não está numa situação que tem que tocar o que o público está pedindo. Não é assim. A gente toca o que a gente gosta. Se a banda produz um disco que gosta de ouvir e acredita no que está fazendo, conseqüentemente isso passa para as pessoas.


Nany – Esse assunto é complexo porque se pegarmos uma banda punk, presmo ou hemo...Você pega a história deles..você vai ver que eles tão tocando o que eles gostam. Tipo presmo. Eles tão fazendo uma música da moda, mas eles já faziam a música da moda quando não estava na moda. Por isso é difícil avaliar. Até porque de repente esse estilo de som que vocês tocam daqui há algum tempo pode ser o que vai ta tocando na rádio. Exatamente!Quem sabe semana quem vem, ou em novembro...vai saber?!...Nós fazemos uma música pra ficar. A gente quer que a música seja assim, como a Legião Urbana foi e como o Los Hermanos é.


selmer - A 1° vez que ouvi a música de vocês na rádio me chamou bastante a atenção o timbre de voz da Nany. Achei um tipo de voz diferenciado. E, na verdade temos várias cantoras que se destacaram exatamente por isso. Exemplo de Janis Joplin, Elis Regina, Kate Bush entre outras...


Nany – No começo até tivemos um probleminha por causa disso. As pessoas falaram que a banda era maravilhosa. Tinha um vocal lindo. Mas lembrava muito the Cranberries,Shakira e Alanis. E ficaram nisso. Só que assim cara. Eu tenho prova que quando eu era criança e nem existia essas bandas que eu falei eu já tinha esse estilo de cantar. Eu sempre cantei desde que eu nasci. As pessoas que me conhecem sabem só pelo jeito que eu falo que é o meu estilo. Eu não imito. Não forço nada. É meio biológico. Quando eu era criança, eu cantava músicas da Xuxa assim com a voz meio arranhadinha.


selmer - Quem responde pelas letras da banda já que o Piu não ta mais?


LOO – Todas as músicas eu e o Piu escrevemos juntos. Olhos de Sinatra foi a Nany que trouxe .Mas o Piu é um cara que mesmo não estando no palco, sempre ta presente com a gente. Porque tem músicas no repertório do ilícita que a gente compôs em casa tocando violão. Ele teve que sair por problemas pessoais. Mas em toda a nossa trajetória ele vai estar com a gente .Isso é importante falar. Então oficialmente você é o letrista da banda. Como é o processo de criação? Eu tenho um problema sério cara pra compor. Se você me der um tema não vai sair música nenhuma. A maioria das músicas sae de insite. Eu sou muito grato às pessoas que surgiram na minha vida. Principalmente a Nany que eu conheço há dez anos e o Piu há 15 anos. No caso deles as coisas se completam. Esse tipo de química é difícil. No caso das letras, a prova de fogo são eles. Se eles disserem que ficou bom, aí fechou.-------------------------------------------------------------------------------------------------
Agradecimentos muito...muito especial a galera da banda ilìcita por essa entrevista bacana.Todos do Hocus Pocus estúdio e café.Também em especial ao Toninho que vem dando créditos a essa parada que eu to fazendo de entrevistar as bandas.


valeu/selmer.

" PARABÉNS BETO GOMES ! "


Sexta-feira, 29/07 rolou uma festa super bacana no Hocus pocus.Além de ser mais uma noite de projeto “Por Essas Bandas”, ainda tinha em especial a comemoração do aniversário do Beto Gomes (Betão).A banda Super Trunfo abriu à noite com canções próprias e, que vão estar no 1° cd que a banda vem produzindo.Aliás eu conversei com os caras no camarim e, em breve vocês terão aqui no blog a entrevista completa com a banda Super Trunfo.Eles falaram sobre muitas coisas legais.Final do ‘Por Essas Bandas, gravação do Primeiro disco, novos rumos da banda...Enfim, Aguardem... Em seguida foi à vez da banda holywood suicide com a voz inconfundível de Rocker cantando muitas canções novas e alguns cover’s já consagrados.Em meio ao show rolou uma homenagem surpresa produzida pelo pessoal da stéreo vale fm.Muitas bandas deram seus depoimentos com muitos agradecimentos e,claro, parabenizando esse cara que vem trampando pra caramba com muita competência no intuito de apoiar e divulgar as bandas do cenário regional.Mas não só por isso.Quem conhece o betão sabe que ele é gente boa pra caralho.É um cara que acreditou no seu projeto,foi em frente e hoje como ele mesmo diz: “Quem gosta de música regional já ouviu falar do Por essas bandas.” Não por acaso a casa estava cheia.Então foi muito bacana mesmo essa parada que rolou.Pra finalizar a Banda Latitude Zero grau subiu ao palco e tocou vários cover’s com a presença surpresa do Vocalista Glauber da Banda Voltz. E claro, não podia faltar as canções próprias. Entre elas “Amor sincero e diversão”. Ainda Teve bolo de aniversário e uma música do Jota quest cantada por suzane especialmente para Beto Gomes. Foi uma grande noite sem dúvida! Pra finalizar não podia faltar os argumentos finais de Beto Gomes. Acompanhem aí...

selmer - cara comemoração do seu aniversário está noite, depoimento de várias bandas agradecendo o seu empenho pra que essa parada continue acontecendo e abrindo espaço pras bandas.O que é que você pensa nessa hora?

Betão - Cara, tipo assim...A primeira coisa que eu penso quando rola uma parada dessa é agradecer os caras porque eu dependo das bandas pra fazer o negócio.Eu não posso fazer sozinho!Não posso criar um projeto e achar que eu sou o cara e fazer sozinho. Não!E todo o poder de persuasão, de créditos que é preciso ter com as bandas. Ver que as bandas me dão credibilidade quando eu digo “ Vamos lá que o negócio vai ser legal, vai rolar...Vocês não vão perder.”Ninguém ta fazendo de boa,elas por elas. Isso acontece pra caramba.O cara te chama na casa, tipo “pô toca aí de graça.” O cara toca uma, duas, três vezes e não rola nada.Não acontece nada.Então pra mim “puts” depois de um ano e pouco de trabalho é interessante ver que as bandas que começaram tão vindo porque acreditaram.As coisas começaram a acontecer.Rolou a parada...E o melhor ainda é dizer que eu não tenho relação comercial com as bandas.Eu tenho uma relação de amigo com as bandas, Saca!Todos os integrantes das bandas, desde o vocalista, baixista, baterista, guitarrista são amigos hoje em dia. É uma parada que não existia há um ano atrás e hoje começa a acontecer e tomar força.Eu pô...Só posso me sentir lisonjeado cara. Sinto-me honrado porque hoje se eu chamo pra tocar não há questionamento, não há nada.Há um crédito no negócio que é o que eu esperava que acontecesse, saca!O espaço que eu to oferecendo quero que seja validado e aproveitado pelas bandas. É aquele negócio, eu não prometo pra banda que eles vão tocar aqui ou ali.Mas a banda tem um espaço que se ela souber aproveitar a parada acaba acontecendo.E foi o que aconteceu com muitas bandas, cara.Surgiram muitas coisas boas no projeto.Desde bandas terem datas pra tocar, relacionamentos, amizades entre bandas. Cara, Eu pô tenho que falar uma palavra que pra mim é do caramba. Especialmente hoje a todas, sem tirar nenhuma banda, Todas!Obrigado mesmo.Obrigado a você que ta aqui fazendo essa cobertura.Eu sei que você dá um ralo danado que eu to sabendo.Você publica o seu trabalho com inspiração, com vontade e criatividade.Trabalhando também com aquele passo de formiga que a gente diz sempre.E você ta na caminhada também.Obrigado a você por ta aqui porque você também faz parte disso aí cara, obrigado selmer...

Entrevista: BE T O G O M E S MAIO/2008


selmer - Pra começar...Mudança pra estéreo vale fm. Casa nova, novos desafios, novo horário do programa Por essas bandas, alguns atritos por causa da virada cultural. Como fica daqui pra frente?


Betão- Bom... é o seguinte! Geralmente mudança é complicada pra todo mundo que ta no meio dela. É igual mudar de casa.Dá trabalho, tem que remover as coisas.Mas é aquela história.Pra melhorar tem que piorar, não adianta! Enquanto você é funcionário e está trabalhando pra uma outra pessoa você sub-existe. Você tem que se adaptar as transformações que tão acontecendo. Nesse sentido eu to falando do mundo, mercado, business em geral.

selmer - Eu tava ouvindo o primeiro dia do programa Por essas bandas na estéreo vale FM e, você disse que foi muito bem recebido lá (Pô é verdade...) mas que já tem gente pegando no seu pé por que você criticou a virada cultural por não ter artista regional. Criando um conflito logo de cara.


Betão- Esse conflito existe desde os primórdios.É assim,a gente tende sempre e, isso é bíblico “o santo de casa não faz milagre” não adianta! Você tem artistas bons em casa, dentro de casa,na sala da sua casa .Mas o que acontece é que os caras acham que tem que trazer bandas de fora. E aí os caras anunciam que é uma banda de São Paulo, Rio de janeiro e com isso vai trazer um público maior pro seu evento.Sendo que pô... Os caras daqui são bons, tem capacidade.Vou citar a banda Voltz por que tem a ver com a virada cultural. A banda acabou de gravar um cd nacionalmente.Que é da globo! Pra quem acha que a band e a Record não é nada. É da globo a som livre.Os caras foram convidados pra tocar na cidade de Presidente Prudente na virada cultural.Por que eles não estão tocando na virada cultural de São Jose? Porque foi terceirizada a parada pra abranger mais cidades por uma “o.s” organização social. E aí o cara que ta fazendo isso só tem a obrigação de fazer a programação. Ele ta pouco preocupado com a banda que tem aqui ou ali, a banda que toca bem ou não toca, se é da cidade ou não é.Isso é uma coisa que não pode acontecer por que ta mexendo com o sonho das pessoas. O cara que toca numa banda e faz uma música não faz pra se divertir. O cara que vem no projeto por essas bandas, por exemplo, não ta a fim de fazer uma música pra tirar um barato. Senão ele ficava na garagem da casa dele. Ele não leva o cd na rádio porque quer aparecer na mídia. É o sonho do cara veio!..Aí o que acontece... Quando tem uma coisa regional que seria de grande destaque colocam uma pessoa...uma não! Todas as pessoas de fora. Isso aí é dolorido pra mim porque eu to há um ano fazendo isso...Um ano não, desde de 2002 na verdade, mas como projeto por essas bandas há um ano. Então pra mim é dolorido.



Selmer - Você é o cara que começou tudo isso. Então é legal falar do projeto por essas bandas por que , sei lá, daqui há dez anos as bandas que vão ta tocando vão lembrar do betão como idealizador dessa parada.



Betão- Bom, eu penso assim.O projeto Por essas bandas começou em 2007.Mas na verdade bem antes disso, quando eu vim pra São Jose em 2002, eu já sentia uma falta de espaço pras bandas regionais, pro artista regional. E havia na época a band FM,depois band FM radio jovem,band 97,5 e finalmente 97,5.Ou seja,varias mudança aconteceram.Desde de o começo em 2002 nós já fazíamos o projeto seleção brasileira pra levar o artista daqui pra tocar e convidar os amigos, os parentes por que não havia espaço nas casas noturnas. Era legal a banda que vinha de fora. Banda de são Paulo “pa” os caras ficavam a milhão pra ver.Então desde essa época eu comecei a me aproximar das pessoas, criar amizades com esses caras.Os músicos que a gente ouve hoje como por exemplo: mackzero5, trilhas e raízes, voltz, caos, que são bandas de maior repercussão, Peleco, Eva venenosa. Pô muitos desses caras iam à minha casa pra tomar cerveja à noite e tirar um som. Eu ficava pensando “pô esses caras são bons. Por que não tem um espaço na mídia?” Não adiantava os caras tirarem um som na minha casa.Eu queria que eles tivessem um espaço e daí foi surgindo à idéia... Então o ano passado, até que enfim, eu consegui convencer os caras da radio. Daí que surgiu essa parada que foi tomando forma, tomando forma e hoje quem gosta de música regional já ouviu falar do por essas bandas.



selmer - O que te deixa mais chateado hoje?Quando você diz na radio “apareçam em mais um projeto por essas bandas, prestigiem as bandas regionais”.E de repente chega lá no local do evento e tem uma meia duzia de pessoas. É falta de grana?O que acontece?

Betão – O que me deixa chateado e, na verdade é assim em qualquer outro meio são as pessoas oportunistas no meio daqueles que querem fazer o negócio mesmo.Isso não acontece só entre bandas. Acontece entre locutores,entre artistas,na empresa onde a pessoa trabalha,em todo lugar.Há pessoas que só querem ter um salário.Mas tem gente que quer crescer dentro da empresa.Tem banda que quer ser reconhecida, enquanto outras só querem tocar na garagem.Isso acaba atrapalhando as próprias bandas.Por quê?O projeto Por essas bandas consiste em uma banda apoiar a outra banda pra que as bandas não precisem de publico porque existe esse negócio de que só banda que vem de fora é legal.Então se você tem varias pessoas de bandas que vão, você já tem um público e aí não precisa de um público de fora.(Então não é uma questão de grana!)Não!... A questão está relacionada as bandas que querem trabalhar profissionalmente.Pessoas que querem ser músicos, querem que o seu som toque nas rádios.E mesmo os caras que tocam e trabalham em empresas, eles têm a esperança de que um dia aquilo vai dar certo e eles vão viver de música.E tem nesse meio bandas que só querem tocar na radio por status.O que às vezes acaba atrapalhando.Mas acaba rolando uma peneira natural de tudo isso.Como o que ta acontecendo agora.Vão ficando só as bandas que querem seguir adiante.Porque o projeto não dá nada pras bandas.Não é como os caras falam “pô o betão é legal”.O projeto não cobra um centavo das bandas, mas cobra a participação das bandas que tocam.E isso pra quem quer ficar na garagem e não quer levar a serio a parada é caro demais.Aí que rola uma peneira natural.Hoje em dia, graças a deus, pode ser que no evento tenha cinqüenta pessoas, mas são cinqüenta pessoas que gostam da música que ta tocando.Que valorizam as bandas.-É diferente ou igual- Você fazer um show dos Stones de graça no Rio de Janeiro pra dois milhões e meio de pessoas, sendo que hum milhão e meio das pessoas que foram lá curtem axé,pagode e funk.Não conhecem uma música dos Stones.Eles foram lá Porque não tinha nada pra fazer e era de graça.Saco!Nesse caso são cinco reais.Mas se o cara não gostar de música regional ou não tiver a fim de conhecer novos sons o cara fica meia hora e vai embora.Por que que o show dos Stones não foi igual ao do pearl jam ou do u2 em são Paulo?Porque o cara que foi nesses shows pagou e curtia as bandas.Sentiu o show e ajudou o show acontecer.Por isso o show dos Stones ficou frio e monótono.E é isso que não acontece com o Por essas bandas “graças a deus”.


selmer - Bom, hoje o betão é o cara que apóia as bandas.Se amanhã ou depois acontecer alguma coisa, tipo não rolar mais o projeto (morrer) risos... Ou sei lá, os caras chegar e meter o pé na sua bunda por que você ta enchendo o saco.E as bandas... os caras vão te apoiar.Você vai pra outra radio.Como é que fica?Falando do lado realista da história...



Betão - É tipo assim, uma coisa meio que imprevisível essa coisa do amanhã. Se eu não estiver mais aqui e tal.Eu não sou agenciador de bandas.As bandas não são minhas funcionárias.Eu não cobro um tostão das bandas. Diferente de muitas gravadoras que tem por aí. Eu não tenho esse interesse nem esse poder porque eu não sou dono da radio. Eu estou investindo numa coisa que eu acredito porque é uma coisa pessoal.Eu sabia o drama que era pra essas bandas tocarem e, na verdade foram eles que me motivaram.Eu não ganho dinheiro pra estar aqui apresentando as bandas.Só o da radio pra fazer o programa lá.Talvez um dia eu ganhe uma grana,talvez eu seja reconhecido.A intenção é mudar uma parada que existe e que é muito foda.A gente não consegue mudar muitas coisas que a gente não concorda porque depende de uma maioria.Eu to numa minoria que tem certeza que consegue mudar a parada e essa minoria ta comigo.Se conseguirmos somos vitoriosos. Eu sempre digo betão que as grandes transformações começaram a partir de uma minoria. A grande maioria vem depois e se junta a essa minoria.Sempre foi assim,não vai mudar!Tem sido assim na música, no cinema, na literatura... Alguns caras foram reconhecidos depois de morto. Eu espero que isso não aconteça comigo.Como você disse eu trabalho numa empresa que não é uma filantropia.Quando eles disserem - Betão você não serve - PÔ! To fora. Mas graças a deus eu não vivo só da grana da radio.Na verdade a radio é só uma vitrine pra continuar fazendo trabalhos que eu acredito.Espero que isso não aconteça porque eu quero continuar tendo o que oferecer pras bandas.Eu não posso ganhar todas as batalhas nem perder todas as batalhas. Eu sempre vou ser assim complicado lutando por coisas que pra maioria das pessoas são difíceis de acontecer.selmer - Pra finalizar eu perguntei pro Betão sobre as bandas de rock que ele ouve em casa. E a resposta foi a seguinte...Betão - Você vai se assustar!Eu fiz uma entrevista recentemente pruma revista e a moça me perguntou – Quem é o melhor artista pra você? - Eu disse Ney Matogrosso! - Não, não. Eu to falando sério - Eu disse é serio! O Ney Matogrosso no palco é o artista que tem a concepção antiga de que o artista ta ali pra servir o público que foi assisti-lo. Então você não é o fodão, o super star. O cara que veio te ver espera um cara performático. O Ney cantando Rosa de Hiroshima é uma coisa absurda .Ele cantando uma música que ninguém conhece porque a mídia no Brasil é tão hipócrita que divulgou o Ney cantando “Nunca vi rastro de cobra nem couro de lobisomem” .E a música Poema do Cazuza e do Frejat no Brasil ninguém conhece porque preferiram divulgar uma coisa mais fácil. E aí todo mundo vai falar “pô, mas o Betão curte rock”.Eu ouço Racionais Mc’s em casa porque eu penso que independente do estilo musical a música está na música. Você ouve uma música e acha boa ou não. Pra mim uma das melhores bandas de rock do Brasil foi o Ultraje a rigor porque a banda tinha um conceito bem humorado. Afinal o que é que passa?A imagem da banda ou a letra que música quer passar?No rock tem várias músicas que não prestam. Existem caras autênticos e existem caras fabricados. Pra mim O Raul Seixas era uma cara super autentico porque não era marketing.Tem uns caras no rock, principalmente de 93 pra cá que é uma pessoa com a câmera ligada e outra com a câmera desligada.O Raul Seixas era um cara que tomava vodka com suco de laranja porque ele era daquele jeito. Era autentico! Você não joga a cadeira do quarto do hotel só porque a câmera ta filmando.


ENTREVISTA REALIZADA em MAIO de 2008 no " HOCUS POCUS ESTÚDIO E CAFÉ ".

"P O E M A" - N E Y M A T O G R O S S O

(FREJAT E CAZUZA)

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás.

Entrevista " Banda Super Trunfo "Out/2008.


Selmer - Muitas bandas estão em estúdio gravando.No caso de vocês tem a ver com a final do concurso Por Essas Bandas ou já estava nos planos da banda gravar, independentemente da premiação?
Neri – O concurso foi o grande empurram que a gente teve. A banda não planejava gravar nenhum cd até então.Quando ganhamos o festival decidimos pela gravação.Aí falamos, “vamos gravar!” Então estamos há muitos meses nesse processo. E vai tempo! A gente não faz só isso né cara. E às vezes o tempo é curto. Mas estamos trabalhando pra isso. Ta 70% pronto..
Selmer - Falando em gravação, vocês têm um estúdio.Fica mais fácil na hora de produzir o som de vocês ou é indiferente?
Neri - Tanto fica mais fácil que a gente grava só a batera e algumas coisas lá no over sonic. Também Fazemos a masterização lá.O restante do trabalho é gravado no nosso Q G .( interrupção ... Um cara entrou no camarim pra pedir pra banda tocar Bohemian Rhapsory. Eu disse brincando que agora os caras não tocam mais essa canção porque eles já ganharam o concurso...)Muitas coisas a gente grava no nosso estúdio porque podemos testar o som. Temos mais tempo, então facilita bastante.
Duda - A grande vantagem é essa. Quando as horas tão contando você tem menos tempo para experimentar.O bom da gente ter um estúdio é que podemos experimentar antes de gravar.A gente faz e tal. Ouve. Puta não ta legal! Grava de novo. Então a gente tem esse privilégio né cara.
Neri - A gente ensaia, faz uma previa, bateria, prato, um monte de coisa...A gente ouve.Vai mudando... É um lance de lapidação. Por isso que demora. Por que ta ficando legal.
Duda - A gente é exigente né. Não é só uma questão de estúdio. Mesmo que estivéssemos pagando e contando as horas a gente ia vender as nossas cuecas pra sair dali com o resultado que a gente gostaria.A gente é bem exigente nesse sentido.
Selmer –A Banda toca muitos cover’s na balada. É diferente tocar pruma galera que ta lá mais pra se divertir e dançar e para um público que curte o som próprio da banda? Como por exemplo no caso do Hocus Pocus que tem um público mais alternativo.Como a banda vê essa questão da diversidade do público?
Fell - Geralmente esse público de balada vai mais pra dançar. Então tem que ter um som mais pra cima. Eu posso estar falando bobagem, mas assim...O pessoal não aprecia tanto a qualidade,entendeu. Às vezes é mais agitação.Hoje por exemplo a gente pode mandar mais Queen e outros cover’s durante à noite pra encerrar o show e por satisfação própria!Não que vai virar uma coisa que todo mundo vai comentar “os caras puta.” Sempre tem os mais conservadores na balada.Os caras vêm elogiar e tal. Mas na balada o povo ta mais ali pra curtir.Tem que ser mais enérgico.
Néri - Aqui no Hocus tem esse clima de tocar as nossas canções também. Que é o que a gente vai fazer hoje Pela primeira vez! vamos fazer um show só com composições próprias.É um marco na história do Super Trunfo. Graças a Deus a gente pode fazer isso aqui.
Duda - Tenho certeza que todos os integrantes da banda estavam esperando por esse momento de tocar só as nossas músicas. Desde o começo da banda tínhamos o objetivo de tocar só na noite. Mas também tínhamos a intenção de fazer um som próprio.
Fell - Na verdade aí que você vê que banda tem que ter muito coração e vontade.Quando começamos era mais pra ganhar dinheiro e tocar. Todo mundo aqui veio da escola do heave metal.Não tinha o mesmo resultado.Era mais difícil tocar. Aí eu falei “Vamos montar uma banda pop pra ganhar uma grana.” É mais fácil.
Duda - E tocar né! Heave metal com um som bem trampado é difícil.
Fell - É difícil alguém contratar.Não tem muita abertura.Tentamos até tocar cover’s das bandas mais conhecidas.Mas é diferente.E foi rolando uma sintonia entre os integrantes, uma vontade de fazer algo diferente. E aí colocamos o coração e foi rolando de fazer as nossas próprias canções.
Selmer - E de certa forma os cover’s proporcionou uma experiência musical pra que vocês pudessem criar uma característica própria.
Fell - E aí puta, também sei lá... O Rômulo compõe desde criança, o Jorge também.E aí pô, tinha isso, tinha aquilo cara.Um lance criativo foi acontecendo e, vimos que além de criarmos o nosso próprio som ,também rolou uma química muito natural... Selmer - Por essas questões todas é que vai rolar um show só de músicas da banda.
Neri - Vamos tocar pouco tempo por que temos outro show em seguida.Fizemos questão de estar aqui pra prestigiar o grande Betão no dia do aniversário dele.
selmer - Esse som autoral que a banda está tocando, se fosse classificar teria a característica de quais bandas?
Duda - Aí é legal o que você falou porque se juntar, todos nós temos influências de muita coisa diferente entendeu. Inclusive,cara a maioria das nossas músicas se você pegar pra ouvir vai ter uma influência e tal.Mas o legal é que ta muito a gente.Isso de falar que a gente se parece com alguma banda....Pode até ter elementos de coldplay, foo fighters e tal. Mas isso porque é real e, é o que a gente conseguiu fazer.
Neri – A gente se preocupa com melodia diferentes, com harmonia diferentes, a identidade da banda. Não ficar no óbvio! A gente sempre fala durante as composições e arranjos, “não vamos fazer nada mais do mesmo!” Vamos misturar coisas que a gente curte e, que soe bem esteticamente e tudo mais... Esse é o grande lance.
Selmer - No anos 80 surgiram muitas bandas que ficaram apenas num rit só. No caso de vocês, como é essa coisa da canção “nada mais” que é o som que a galera mais conhece e canta...
Fell - Pelo menos da minha parte eu conversei com o pessoal e disse vamos lá fazer um show com composições só nossa.Houve um interesse pra saber o que vem depois de nada mais. (Riso geral diante do paradoxo)
Duda completa: O que é que pode vir depois de nada mais?! O nome da canção já é difícil.
Fell - Ta rolando um interesse pela banda .O pessoal ta a fim de ver.Selmer - Não é uma crítica porque na verdade é legal ouvir a galera cantando o som do Super Trunfo.Mas de repente começa a tocar demais e, de certa forma as rádios também tem culpa porque acaba saturando a canção né.
Duda - Aí que ta! Dá mesma forma que a gente trabalhou a canção "nada mais", a próxima canção a gente vai escolher com todo o carinho e trabalhar da mesma forma .Aí já é um outro trabalho. Se a radio tocar esperamos que tenha o mesmo efeito.
Selmer - Duda, o seu trampo como guitarrista foi muito elogiado por um guitarrista de outra banda durante um show que vocês fizeram recentimente. Isso é legal pra caramba porque tem uns caras que tão começando a tocar e já se acham o máximo quando na verdade ainda tem muito que aprender.
Duda - Legal! O segredo disso é botar a alma mesmo no instrumento.E acho que essa nova geração “eu falo como se fosse um velho” rsrsr...Mas eu comecei cedo.Essa galera de 15 a 18 anos ta se preocupando em tocar cada vez mais rápido.Virou uma disputa!O segredo da música ta na melodia.É ouvir...É a alma. Apesar de eu ser branquinho, acho que tenho o espírito de negro porque o Blues pra mim é a grande expressão. É o maior exemplo da alma na música.Acho que é isso.Tirar músicas difíceis,tentar aliar a técnica e a alma.Acho que isso é na banda toda.
Fell – Eu sou suspeito pra falar né cara, mas o Duda é o feeling vois da banda. Duda – Porque começando com gente e até o técnico de som, nós não tivemos escola “pa”. A gente estudou num conservatório musical, aqui e ali...Mas a grande escola da banda acaba sendo o ouvido,o feeling.Esse é o segredo de ter uma cara própria. Fell - Não é mecânico. Duda – É.Não é acadêmico.
Selmer - Vocês sentem que esse é o momento das bandas? Porque assim...Tem várias bandas gravando, mostrando o seu som e, algumas até já assinaram com gravadora.
Fell - Você perguntou um negócio que é até engraçado porque esse é o momento até do cenário de são Jose .Eu tava comentando com o Rômulo que os caras da banda Voltz apareceram na rádio no programa do pânico.O Emilio colocou a música dos caras no ar e conversou com a banda. – Pô, vocês têm um jeito de músicos mesmo! O cd é profissional - Isso dá uma abertura pras outras bandas.É uma vitrine.Tipo, São Jose tem muita banda boa em diversos estilos.É um pólo do rock.
selmer - Nesse auê todo tem bandas correndo pro estúdio pra gravar e, de repente acaba produzindo um material ruim. Não acaba soando uma coisa meio oportunista?
Neri – Não dá pra montar uma música que nem frankestain, né cara.Tipo a gente coloca um violãozinho aqui, coloca não sei o que ali e pronto... Selmer - Até porque o público que vem aqui curte o som autoral que as bandas fazem.E de repente você ouve na rádio e percebe que foi gravado as pressas porque o betão ta lá e vai dar uma força. Então nessa correria acaba não produzindo um material de qualidade.
Duda - Em qualquer meio né cara existem pessoas oportunistas. O cara pensa: -Nossa! Aqui é aonde eu vou ganhar dinheiro! - E aí faz um trabalho forçado. Sempre tem, mas com certeza não é o nosso caso.
selmer - Qual é o próximo super trunfo da banda?...Poxâ, eu achei que essa pergunta era super criativa, mas os caras não entenderam então eu tive que explicar melhor rsrsr...
Néri - Tem o clip da canção “nada mais”.
Duda - Acho que o principal e o nosso super trunfo na verdade é mostrarmos a nossa cara, a nossa música.
Fell - inclusive a gente vai lançar o cd, o site, o clip e por a nossa cara aí pro Brasil.
selmer - Bom...na pior das hipóteses se não der certo a banda pode ganhar dinheiro com as imitações do Duda até porque ta na moda fazer imitação,contar piada ....Nesse sentido a banda não vai passar fome né...
( Duda faz imitações do Silvio Santos e do Zacarias...)
selmer - Considerações finais por Super Trunfo.
Neri - Bom, a banda Super Trunfo está entrando numa nova fase de mostrar a cara. Deixamos de ser uma banda que toca à noite só na balada pra ser uma banda com um som próprio.Com conteúdo nas letras. Todo esse lance aí...Essa é a grande notícia...Uma nova postura.
Fell Agora é a hora de mostrar o que é o Super Trunfo.A gente tocava bastante cover’s como você falou, então agora é o real.. selmer - E se a galera que curte balada comprar o cd de vocês vai ser melhor ainda.!..Com certeza! Duda - Acho que se resume a duas palavras.Verdade.Passar o que a gente é de verdade. E otimismo porque é preciso ter muito otimismo e perseverança pra acreditar na sua arte e seguir porque é difícil né..
Ficha Técnica:·
Jorge Neri (Vocal)·
Duda Becker (Guitarra)·
Fell Vieira (Baixo)·
Thiago Oliveira “sansão” (bateria)·
Rômulo Faria (Teclados)
Bônus Tranks:
A todos do Hocus Pocus stúdio & café, Betão e claro, esses caras muito gente fina da “Banda Super Trunfo”..

E N T R E V I S T A : Canastra/RJ-27 de Agosto de 2008


Selmer – Bom, gostaria que você falasse dos seus projetos e agora como batera no Canastra.


Barba - Eu entrei na banda no começo do ano. Eu já era fã da banda desde o começo quando ainda era o batera Marcelo callado que foi tocar com o Caetano. Eu Já toquei na banda Latuya de um amigo meu.Até gravamos o disco juntos, mas eu não continuei tocando com eles. Agora to tocando no canastra .É isso cara..tocando...


selmer - No programa Ensaio da cultura você disse na época ainda como baterista do Los hermanos que se considerava bastante auto-didata na questão musical.Que tirava o som de ouvido.O que mudou de lá pra cá? Porque evidentemente só se evolui tocando.


Barba - Tocando com gente diferente, buscando professores, parcerias, uma boa galera pra tocar junto.É isso que vale a pena .Se mostrar, dar a cara a tapa, errar. E de repente neguinho falar “pô você errou”. É isso que faz essa parada.


selmer - Eu fiz essa pergunta porque ouvindo você tocar no canastra aparece bem essa diferença.


Barba - "Mas é diferente cara!" No Los Hermanos era uma coisa muito mais ...como eu vou dizer...muito mais canção, eu acho. Era muito mais pra dar ênfase ao que estava sendo falado.O instrumental era uma coisa muito mais de sala do que em primeiro plano. Aqui no canastra tem uma pegada diferente. Tem uma parada instrumental que é uma coisa de Big band .Os arranjos tem uma importância com a melodia, com a harmonia e a canção. No Los Hermanos era a canção, depois vinha... sabe. “Tinha que se situar mesmo!” Nesse sentido a banda toda tem que andar junto. A parada tem que funcionar bem. A guitarra e a voz em primeiro plano.A diferença é essa. O que mudou é que aqui no Canastra eu posso ir mais do que lá no Los Hermanos. Não que lá seja melhor ou pior. É diferente. Lá era bom porque tinha que manter o negócio bonito, fazer o arranjo bonito e tranqüilo pra coisa acontecer.Que foi exatamente o que caracterizou a banda ..


Selmer - Canastra me lembra uma época em que as pessoas se reuniam ao redor da mesa pra jogar, bater um papo, ouvir música.O som de vocês trás muitas influências de uma época boa da música.Tem uma certa nostalgia nisso tudo?


Renato Martins - EU NÃO GOSTO MUITO DESSA PALAVRA NOSTALGIA!A GENTE GOSTA DE SOM ANTIGO.MAS TAMBÉM É uma busca de uma referência pra algo.O som do canastra no contexto geral das bandas soa diferente. Essa foi a primeira idéia. Buscar uma coisa que no cenário das bandas soasse diferente e, conseqüentemente a gente não houve muita coisa moderna.É questão de gosto mesmo,sabe. Até a parte do baixo acústico por exemplo, é uma sonoridade que a gente gosta. As guitarras acústicas,os metais.(acaba criando essa atmosfera) É .. Por exemplo, eu não tenho nada contra a guitar band, sabe. Mas é uma sonoridade que eu não curto tanto quanto as outras coisas.


selmer - Quando eu disse nostalgia não era exatamente na essência da palavra, mas com a intenção de resgatar algo que acaba ficando.)


Renato Martins - É que na verdade a banda queria mesmo era mostrar um projeto que tivesse um por quê! Entendeu! Tipo...alguma coisa que justificasse aquilo.A gente acha que esse tipo de som que a gente faz não ta sendo representado, a gente quer representar...( tanto é que vocês participaram de vários festivais e essa foi a diferença que fez com que vocês aparecessem.)Renato Martins - No primeiro momento a gente achava que não conseguiria se encaixar em festivais, em shows com outras bandas pela diferença de som.Tipo regra de três que tocou aqui hoje.Eles tocaram três músicas dos Los Hermanos que o barba toca, que a gente conhece,mas assim... a gente tinha uma pretensão “ E é pretensão mesmo!” de fazer uma parada que tivesse um referencial, que fosse diferente.Só que aos poucos a gente foi vendo que isso se encaixava com todo mundo. Isso que você tava falando que de certa forma permanece na memória de todo mundo.Elvis e outros tipos de som. Assim, sabe. Pré-Rock n' roll.

Selmer – Alias, eu tava vendo a banda tocar e lembrei de um filme lá do começo que conta a história do Rock n’ roll...Não que seja uma copia, até porque eu vejo mais como influência.

Não!.. Porque não tem essa de não copiar alguma coisa.Tudo se baseia em referências.


Selmer - Quando eu falo que vocês tiveram um destaque legal em 2007, tem a ver com as bandas de hoje. Quando surge uma banda como a de vocês, com um estilo diferente vira um auê.Como referência, vocês acham que vão surgir outras bandas com formado igual ou parecido...


Renato Martins - Eu não sei. Não é uma preocupação, sabe. Porque a gente representa um tipo de som que a gente gosta e, que a gente percebeu que outras pessoas curtiam. São duas coisas.Uma é fazer o que a gente gosta.A outra é ver a possibilidade de uma nova sonoridade....Acho que a gente busca essas referências, mas de alguma forma a gente é contemporâneo. Se você ouvir o disco não tem muito purismo. Tem elementos muito atuais. Então é assim um flesh dessas duas épocas.Uma época mais antiga... E não tem aquela coisa tipo “Estamos aqui, mas gostaríamos de estar há sessenta anos atrás”. Não! A gente ta aqui. Até porque tem uma galera nova que está aí curtindo o som do Canastra que de repente nem conhece aquele som das antigas.....


Selmer – No Rio de Janeiro tem sempre a questão que no final das contas tudo acaba em festa.O som do canastra ta relacionado a essa questão. Como é isso cara? rsrsrs...


Renato Martins - Eu não sei cara.Tipo.Rio de janeiro é algo meio emblemático porque os sons são muito expansivos e, enfim...Mas pra tocar por exemplo, é um drama atualmente a cena assim, sabe. A gente também não quer ficar restrito ao rótulo de funk do rio, nem a banda disso ou daquilo. Na verdade a gente tem uma parada de juntar o máximo possível. A gente não quer ficar tocando só numa tribo. A gente entende que música é pra todo mundo. Por isso voltando aquela pergunta inicial, esse clima das referências também passa por aí, sabe. A gente curte pra caralho Frank Sinatra, Elvis. Isso é universal. A gente acredita muito nisso.Que a música pode romper barreiras. Lá no Rio a gente sofre muito com essa coisa da música brasileira.Tudo se baseia em música brasileira. Bem ou mal é a cidade do samba e, não sei o quê. A gente gosta de samba pra caralho, gosta da cidade. (interrupção para autográfo)....As letras também, tudo sabe...E, que traga informações. Isso que você falou da galera que tava curtindo o som e, que de repente nem conhecia essas referências. A gente tem pretensão que por intermédio da banda, neguinho vá buscar essa informação. A gente vive num tempo que a informação ta disponível. Então pô, você pode correr atrás e buscar várias coisas. A gente pesquisa muito som pra tocar e pra bolar arranjos. E é meio paradoxo. A gente pesquisa som antigo, mas a nossa maior fonte é a Internet. É engraçado porque se fosse há 20, 30 anos atrás, a gente não conseguiria a quantidade de referências que temos hoje. Isso é maravilhoso..